terça-feira, 22 de novembro de 2011

Seu filho quer seguir outro caminho de fé



Pais devem respeitar a escolha religiosa, mesmo não sendo a sua

Ainda grávidos, os pais começam a planejar muito mais que o quarto do bebê ou o nome que ele vai ter. Pensam em profissão, esporte que vai praticar, até no prato preferido. E durante os passos do pequeno, os pais também direcionam os filhos no caminho religioso. Mas como lidar quando eles crescem e decidem trocar de religião ?
Nem sempre essa decisão do filho é recebida com tranqulidade pelos pais. O choque de ideias parece inevitável. De acordo com o professor, sociólogo e teólogo Vitor Nunes Rosa, o primeiro passo é descobrir se a nova religião tem o objetivo de ligar o ser humano à fé.
"No final, é isso que importa", defende.
Para ele, a religião deve ser um fator de comunhão entre as pessoas. "O diálogo entre pais e filhos ajuda a entender que pode haver harmonia em meio a diferença. Havendo respeito, a convivência é pacífica", relata o especialista.


Adolescência

E essas mudanças surgem no período mais conturbado: a adolescência. É nessa fas que a criança quer provar e mostrar sua identidade. Entre as experimentações, comuns da época, está a religião.
"Hoje nós ficamos com o que nos agrada. Assim como a roupa não cabe, uma religião também pode não servir. É questão de escolha", diz o teólogo.
Nessas horas, para que não aconteça conflitos entre pais e filhos, o melhor é entender a situação. "Conheça a nova religião. Vá com seu filho até a igreja dele e vê o que acontece, como é a doutrina da igreja. É fazer o mesmo que já se faz na hora de conhecer os amigos dele", diz Rosa.


Exemplo

Na casa da família da jornalista Danielly Campos, o diálogo sempre foi a solução. Ela, que é católica, tem a mãe, Maria das Graças, e os irmãos, Nathielly e Francisco Rhaniery, maranatas. E, apesar da diferença, nunca houve motivos para não entender o gosto do outro.
"Eu e minha mãe lemos a bíblia juntas, cada uma com seu ponto de vista. Eu a levo até a igreja dela. Mas assumo que quando ela mudou, fiquei um pouco triste. Assim como ela também ficou triste quando, ainda católica, viu meus irmãos se batizando na maranata. Depois, percebemos que o importante é alimentar a fé. E isso nos une", diz Campos.


E quando os pais querem mudar de rumo ?

E quando são os pais que mudam de religião ? Há o risco de eles forçarem que os filhos sigam a mudança ou, ainda, uma reclamação por parte dos filhos devido à nova opção dos pais. Independentemente do conflito, a regra é a mesma: deve evitar as comparações e, principalmente, o fanatismo.
"É muito comum essa diferença de religiões acontecer entre namorados, noivos ou casados. Até mesmo com um dos dois conseguindo levar o outro para a nova religião", analisa o sociólogo e professor Vitor Nunes Rosa.
Ele explica que, no caso de pais e filhos, o melhor é sempre optar pelo diálogo. "A conversa evita que o fanatismo religioso, por uma das partes, possa assumir o controle e, assim, impedir uma convivência pacífica da família", analisa Rosa, que ainda é teólogo. Segundo ele, caso não haja um entendimento entre as diferenças religiosas da família, há o risco de uma desestruturação familiar. "A religião não veio para separar as pessoas, e sim para unir. Precisamos de mais tolerância, diálogo e respeito", frisa o professor.



Fonte: Jornal A Gazeta, 30 de Outubro de 2011/ Caderno Vida. Pág. 47













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