Conversão ao protestantismo
Ao velejar entre Batávia e Malaca, na Malásia, Almeida, aos 14 anos de idade, leu um folheto protestante, em espanhol, intitulado "Diferencias de la Cristandad" (Diferenças da Cristandade). Este panfleto atacava algumas das doutrinas e conceitos católicos, incluindo a utilização de línguas incompreensíveis para o povo comum, tal como o latim, durante os ofícios religiosos. Isto provocou um grande impacto em Almeida sendo que, ao chegar a Malaca, converteu-se à Igreja Reformada Holandesa, em 1642, e dedicou-se imediatamente à tradução de trechos dos Evangelhos, do castelhano para o português.
Almeida entrou no ministério da Igreja Reformada Holandesa, primeiramente como "visitador de doentes" e, em seguida, como "pastor suplente". Em 1656, foi submetido a exame em matérias teológicas e, tendo sido aprovado, foi ordenado para o ministério pastoral e missionário. Serviu primeiro em Ceilão e depois na Índia, sendo considerado um dos primeiros missionários protestantes a visitar aquele país. Visto que servia como missionário convertido, ao serviço de um país estrangeiro, e ainda devido à exposição direta do que considerava ser doutrinas falsas da Igreja Católica, bem como à denúncia de corrupção moral entre o clero, muitos entre as comunidades de língua portuguesa passaram a considerará-lo apóstata e traidor. Esses confrontos resultaram num julgamento por um tribunal da Inquisição em Goa, Índia, em 1661, sendo sentenciado à morte por heresia. O governador-geral da Holanda chamou-o de volta a Batávia, evitando assim a consumação da sentença.Em 1676, Almeida apresentou o seu trabalho de tradução do Novo Testamento ao consistório da Igreja Reformada em Batávia, para revisão. As relações entre Almeida e os revisores da tradução ficaram tensas, especialmente devido a diferenças de opinião sobre o significado de algumas palavras e sobre o estilo do português usado. Isto resultou em grandes demoras no trabalho de revisão, sendo que quatro anos depois ainda se discutiam os capítulos iniciais do Evangelho de Lucas. Almeida decidiu assim, sem o conhecimento dos revisores, enviar uma cópia para a Holanda visando a sua publicação. Apesar da reação negativa do consistório em Java, a versão em português do Novo Testamento foi finalmente impressa em Amesterdão, em 1681, tendo as cópias chegado à Ásia no ano seguinte. No entanto, os revisores conseguiram fazer valer a sua posição, introduzindo alterações ao trabalho de Almeida. O governo holandês concordou com a insatisfação de Almeida e mandou destruir toda a primeira impressão. Ainda assim, Almeida conseguiu salvar algumas cópias sob a condição de que, até nova impressão, os erros principais fossem corrigidos à mão.
Os revisores em Batávia reuniram-se novamente para completar a verificação do Novo Testamento e avançar para o Velho Testamento à medida que Almeida o fosse completando. Em 1689, já com a saúde bastante abalada, Almeida deixou o trabalho missionário para se dedicar em pleno ao trabalho de tradução. Veio a morrer em 1691 enquanto traduzia o último capítulo de Ezequiel. Coube ao seu amigo Jacobus op den Akker completar a tradução em 1694.
A segunda edição do Novo Testamento em português, revista pouco antes da morte de Almeida, veio a ser publicada em 1693. No entanto, alguns historiadores afirmam que, uma vez mais, esta segunda edição foi desfigurada pela mão dos revisores. Perdendo-se a motivação para a continuação do trabalho de tradução da Bíblia para o português na Ásia, foi a pedido dos missionários dinamarqueses em Tranquebar, no sul da Índia e então parte da Índia Dinamarquesa, que uma sociedade inglesa, a Society for Promoting Christian Knowledge, em Londres, financiou a terceira edição do Novo Testamento de Almeida, em 1711. Durante o Século XIX, a British and Foreign Bible Society e a American Bible Society distribuíram milhares de exemplares da versão de Almeida em Portugal e nas principais cidades do Brasil. Isto resultou em tornar a Tradução João Ferreira de Almeida um dos textos mais populares das Escrituras em língua portuguesa, sendo especialmente usada pelos evangélicos lusófonos.
Atualmente é editada no Brasil principalmente pela Sociedade Bíblica do Brasil e pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Fonte - Wikipédia
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