terça-feira, 19 de abril de 2011

Depois de fechadas as portas...



olhei para trás e vi Ignorância, que chegava à margem do rio; passou depressa e sem metade das dificuldades que os peregrinos tinham encontrado. E aconteceu assim, porque estava ali um barquinho chamado Vã-Esperança, que o ajudou a passar na sua barca.

Ignorância subiu também a montanha em direção à porta, mas ninguém foi ao seu encontro para o ajudar, nem para lhes dirigir uma palavra de estímulo ou de consolação. Chegando à porta, olhou para o letreiro que a encimava. Começou a bater, supondo que franqueariam a entrada, mas os que lhe apareceram por cima da porta perguntaram-lhe donde vinha e o que queria.
Respondeu-lhes Ignorância: Comi e bebi na presença do Rei, e Ele ensinou nas nossas ruas. Dá-nos então o diploma para o mostrarmos ao Rei. Ignorância procurou em seu seio, mas nada encontrou. Não tinha diploma algum. Disseram-lhe, pois: Não tens diploma? Ignorância nada respondeu. Comunicado o Rei o que acontecia, ordenou Ele aos Resplandecentes que atassem Ignorância de pés e mãos, e o lançassem fora; e vi que o levavam pelos ares até a porta que eu tinha visto na fralda da serra, e que dali o precipitaram.

Fiquei surpreendido; mas serviu-me isto de importante lição, pois fiquei sabendo que da
porta do céu há caminho para o inferno, do mesmo modo que o há na cidade da Destruição.

E nisto... acordei, e vi que tudo fora um sonho.



John Bunyan - O Peregrino








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